Na semana passada, Kelly Slater venceu a sétima etapa do World Championship Tour, em Teahupoo, e deixou os fãs agitados. Bem, o mais acertado seria dizermos que deixou a comunidade em polvorosa, toda a gente verdadeiramente empolgada. Percebe-se bem o porquê de tanta celebração, pois o norte-americano já não vencia uma prova do CT há cerca de dois anos e meio. 

No entanto, apesar do seu desempenho ter sido fenomenal, não podemos dizer que tenha sido claramente uma surpresa face ao seu historial de sucesso no evento - venceu em Teahupoo pela quinta vez. 

Com o resultado obtido no Taiti, Slater subiu onze posições na tabela mundial e senta-se agora num confortável - e mais condizente - oitavo lugar. Para isso em muito também contribuíram os dois resultados anteriores, terceiro lugar em Fiji e quinto lugar em Jeffreys Bay, que ajudaram a acelerar a vertiginosa subida no ranking. 

No entanto, logo após a vitória no Taiti, o próprio fez questão de informar, em entrevista ao microfone da World Surf League, que não é candidato ao título apesar de matematicamente tal ser possível. A nós pareceu-nos uma forma dissimulada de sacudir a pressão e afastar os holofotes. 

- Trestles é um onda muito técnica que exige jogo de rail, carvings e grandes arcos, mas também um forte arsenal aéreo. Kelly Slater na vitória de 2012. Foto: WSL

O início de temporada daquele que é considerado o maior surfista de todos os tempos foi o pior de que há memória, remetendo-o para o 34º lugar do ranking mundial. Mas a vitória no Taiti foi um autêntico balão de oxigénio, uma espécie de dose motivacional extra que o 11x campeão mundial tanto precisa nesta fase da sua carreira. 

Talvez por isso tenha deixado escapar, nas entrelinhas, que “A minha temporada começa agora”, deixando antever, sem qualquer pressão ou objetivo assumido, entenda-se, que uma vitória em Trestles poderá estar a cruzar a mente. 

E tal não é totalmente descabido, pois, apesar de terem sido Mick Fanning (2015), Jordy Smith (2014) e Taj Burrow (2013) a vencer as últimas três edições; os resultados de Slater no evento californiano provam que o seu domínio não tem precedente. 

Analisemos isto: em cinco anos, entre 2004 e 2008, Slater alcançou sempre as finais, vencendo em 2005, 2007 e 2008. Depois, em 2009, terminou em terceiro lugar. Nos três anos seguintes, entre 2010 e 2012, voltou a vencer. 

Portanto, sabendo que as probabilidades jogam a seu favor, será realmente absurdo pensarmos que ele poderá vencer novamente esta temporada e entrar (de forma assumida) na corrida ao título? Se há alguém capaz do impensável, esse alguém é Kelly Slater.

O Hurley Pro, em Lower Trestles, na Califórnia, oitava etapa do World Tour, tem lugar entre 7 e 18 de setembro.