GARRETT MCNAMARA: “O MEDO NÃO EXISTE QUANDO VIVEMOS O MOMENTO”

 Um exclusivo, que há muito se impõe, com o gigante da arena da Praia do Norte...

 

A cada temporada que passa a Nazaré a Praia do Norte parecem conquistar mais relevo na imprensa internacional e entre os gladiadores das ondas grandes. Não é para menos, pois o número de surfistas que chegam a Portugal à procura da “maior onda” tem vindo a aumentar exponencialmente com o passar dos anos.

Porém, nesse imenso grupo de aficionados do big wave surfing há um nome incontornável que se destaca dos demais. É o de Garrett McNamara, havaiano de 48 anos que gosta de enfrentar o desconhecido e que a 1 de novembro de 2011 bateu o recorde da maior onda surfada (23.77 metros), inserindo assim o nome da pequena vila do oeste português no roteiro mundial das ondas.

Pois bem, num destes dias de final de ano fomos ter com ele a fim de sabermos o que o move (verdadeiramente) nesta área.

 

Qual é a sensação de ser a pessoa que está por detrás do recorde mundial da maior onda surfada?

Para mim não é sobre o recorde, mas antes por fazer o que eu amo e conseguir inspirar outras pessoas a seguirem os seus sonhos. Em todo o caso, quando penso acerca do recorde, sinto-me honrado e por vezes as lágrimas vêm-me aos olhos quando penso na minha relação com Portugal.

 

Como definiria a arena da Praia do Norte?

É um dos mais pesados beach breaks do globo e ao mesmo tempo o melhor lugar do mundo inteiro para se poder observar e sentir a imponente força das ondas grandes desde um lugar de segurança em terra.

 

Alguma vez se sentiu desconfortável no Oceano?

O Oceano é o lugar onde me sinto mais em casa. As únicas vezes onde me sinto desconfortável é em terra. (risos)

 

Fale-nos um bocadinho sobre medidas de segurança. O que é essencial quando se enfrentam ondas de 20 pés?

Em primeiro lugar é preciso estar preparado a nível mental, físico e espiritual para tomarmos conta de nós. De seguida é importante possuir um fato que flutue e um colete insuflável. O fato é importante porque se ficarmos inconscientes antes de conseguirmos ativar o colete pelo menos sabemos que vimos dar à superfície e aí alguém nos encontrará. Depois é preciso um piloto de confiança e um outro que sirva de back up caso suceda algum imprevisto. Também é necessário que alguém fique em terra a observar a entrada dos sets, um nadador salvador na praia, etc.

 

 

Normalmente, como lida com o medo no meio do Oceano?

Eu acredito que nós geramos medo quando não estamos a viver o momento. O medo apenas existe quando estamos a pensar no passado ou preocupados sobre o futuro. Se estamos a viver o momento o medo não existe.

 

 

“Se queres mesmo as maiores e as mais desafiantes ondas do globo então a Nazaré é o sítio que procuras”

 

É a Praia do Norte e a Nazaré o melhor lugar para o big wave surfing na Europa? Ou até do Mundo?

Por todo o Mundo existem spots incríveis de ondas grandes. Tudo depende do que se anda à procura. Se queres mesmo as maiores e as mais desafiantes ondas do globo então a Nazaré é o sítio que procuras.

 

Na sua opinião, os melhores big wave riders do planeta são…

Existem tantos riders neste momento que não seria de todo justo mencionar apenas uns quantos…

 

Refira os três melhores spots de ondas grandes no Mundo e, por favor, diga-nos porquê.

Jaws, porque é muito perfeito e poderoso, sempre a quebrar praticamente no mesmo sítio, mas parte poucas vezes com o melhor vento. Mavericks, porque parte sempre no mesmo sítio, grande e feio mas ao mesmo tempo linda de morrer. Num dia de ondas grande oferece muitas ondas e quebra de forma muito consistente. Por último, a Nazaré que é gigante, em estado bruto e muito poderosa, tal e qual uma caixa de chocolates… nunca sabemos o que vamos encontrar! As previsões podem ser excelentes para a manhã da ondulação e quando chegamos à praia está horrível ou então o contrário. É um daqueles locais que temos que ficar sentados à espera, pois pode ficar bom em segundos e uma hora mais tarde ficar novamente péssimo.

 

Já alguma vez cruzou a sua mente viver em Portugal e na Nazaré?

Definitivamente, não. A primeira vez que visitei a Nazaré, em 2010, não tinha quaisquer expetativas e costuma-se dizer que essa é a melhor forma de viver a vida. Portanto, eu só tenho que estar muito agradecido e feliz com tudo o que esta relação com a Senhora Nazaré me trouxe.

 

Objetivos para 2016?

Ser uma boa pessoa, viver de forma exemplar, apanhar as maiores ondas que encontre por aí e ajudar os meus amigos a viverem os seus sonhos.

 

 

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Entrevista: AF

Agradecimentos: Goma Design

Fotografia de Jorge Santos | Instagram | Facebook

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