Frederico Morais: "Ainda há muito para decidir no QS, tudo é possível" sábado, 31 outubro 2015 06:15

Frederico Morais: "Ainda há muito para decidir no QS, tudo é possível"

Já Frederico fazia história no Moche Rip Curl Pro Portugal, quando falou com a Surftotal sobre a sua experiência no WCT, e não só.



Na antecâmara do que seria, provavelmente, o heat mais importante da sua vida, o campeão nacional de Surf,Frederico Morais esteve à conversa com a Surftotal. Nas suas palavras encontrámos a maturidade e o foco que tem mostrado no seu surf, e uma confiança inabalável que o futuro passará pela elite mundial. A etapa de Peniche só veio confirmar que Kikas tem 'surf de CT', ou não tivesse levado a melhor sobre surfistas como Mick Fanning, Joel Parkinson ou Nat Young.


No início do ano tiveste alguns resultados menos bons, mas agora em Peniche tens tido uma prestação excelente. O que é que mudou?
Não mudou nada, sabemos que dependemos muito do mar, foi um ano abaixo das expectativas em termos de resultados, mas em termos de surf superou todas as expectativas, perdi heats com scores que dariam para passar qualquer outro heat de outro round. Ou seja, foi um ano que acabou por ser bom, de certa forma, mas que em termos de resultados, no inicio não foi dos mais fortes. Mas estou a compensar agora no final do ano, sagrei-me bicampeão nacional, tive este bom resultado aqui em Peniche, o 9º lugar em Cascais, e ainda faltam três QS10000 até acabar o ano, ainda há muito por decidir, por isso tudo é possível.

 

Este evento foi uma prova de como o teu surf resulta no WCT?
Acho que sim, acredito que o meu surf se identifica muito com as ondas do WCT, neste evento está a resultar da melhor forma sem dúvida alguma, mas é pelo QS que eu tenho de passar e não posso perder o foco disso, por isso é continuar a trabalhar e lutar por lugar nesta elite a full time e não apenas como wildcard.

 

Porque sentiste necessidade de pedir desculpa ao Mick Fanning depois de o eliminares?
O Mick é o meu surfista favorito, é um atleta que admiro imenso: o respeito que ele tem pelos outros atletas, pelo desporto em si, pelo surf, a forma com encara a competição… como se prepara, tudo. Acabei por interferir no título mundial, não tendo nada a ganhar com isso, e ele tendo tudo a perder. É um ano a trabalhar para o título e para mim é apenas um evento, onde me estou a querer provar, fazer bom surf e ‘criar’ um nome. Por isso achei que mostrava respeito ao pedir desculpa e mostrar que cada um tem de fazer o seu trabalho. Não fico triste por ganhar, obviamente, mas não estou ali para destruir um título mundial, mas pronto, ele disse-me logo na água que eu não tinha de pedir desculpa, que eu mereci e que é assim mesmo, o jogo é este. Ele quando era mais novo também ganhou a ídolos dele quando era wildcard, também pediu desculpa, mas disse-me para eu não o fazer e desejou-me a melhor sorte para o resto do campeonato.

 

Como lidas com o período de espera tão longo, perto da elite, e com boas ondas noutros locais que não Supertubos?
Lido bem, estou com boa companhia, estou em casa, em Portugal. Conheço bem Peniche, consigo entreter-me bem, posso sempre fazer surf, temos boas ondas aqui à volta, embora Supertubos não tenha estado com boas ondas nestes lay days. Mas nos dias em que houve campeonato o mar esteve muito divertido, tivemos óptimas ondas, scores e bom surf. Nos lay days tenho treinado, tenho estado com o Richard (ndr: Richard 'Dog' Marsh, treinador de Kikas), aprimorado outros pormenores que queria trabalhar, experimentar pranchas… ou seja acaba por ser uma mais valia.

 

O Richard tem sido fundamental na evolução do teu surf competitivo, ou é mais que isso?
É mais, o Richard tem sido fundamental não só no surf competitivo, é uma pessoa que consegue ir ao detalhe, vê coisas que o olho humano não consegue ver, e já passou por tudo o que eu estou a viver agora, durante muitos anos neste circuito. Sabe o que é perder, o que é ganhar, os sacrifícios que são necessários, ou seja, ele torna isto mais fácil para mim e é muito importante na minha carreira.



Estratégia para o próximo heat com o Brett Simpson?
Acho que vou ter de ver o mar, não sei como estarão as condições, mas a estratégia vai ser a mesma: não interessa o surfista com que vou, mas o surf que vou fazer. É disso que vou depender e não do surf do adversário, vou dar o meu melhor, encarar o heat como se fosse outro qualquer e deixar os portugueses orgulhosos mais uma vez.

 

Fala-nos das pranchas que tens usado em Peniche.
Tenho usado uma 6’0, uma JS (a Monsta 3), é uma prancha que trouxe da Austrália e que adoro, parece que tenho uma ligação com ela, torna o meu surf mais fluído, tem muita velocidade, que facilita a ligação entre manobras, dá-me mais velocidade e confiança. É aquela prancha mágica.

 

Sentes que dentro da WSL há pessoas que te querem ver lá dentro, como se observa nos webcasts?
Não sei, não sei. Mas se isso acontecer é bom sinal, mostra que o meu surf está lá, é um orgulho saber isso, mas pronto, temos de passar pelo QS e essa é a parte mais difícil da qualificação. Mas faz parte, é um desafio que quero ultrapassar e mal posso esperar para estar no World Tour.

 

O que fazes num lay day?
Basicamente ocupo o meu tempo a fazer surf, a aquecer, experimentar pranchas, a aprimorar os detalhes que o Richard Marsh me chama a atenção. Aproveito a boa comida que há aqui, onde temos bons restaurantes. Vejo uns filmes no quarto, a relaxar, vou ao ginásio quando há mais do que um lay day, para continuar com o corpo em forma e alimento-me bem.

 

Houve algum pormenor que o Richard te corrigiu?
Sim houve alguns pormenores.. a maneira como eu surfava a onda, ou como lia a onda. Pormenores que na altura não dava grande relevância e que acabaram por fazer a diferença e dar uma maturidade ao meu surf que eu estava a precisar.


Frederico acabou por cair nos quartos-de-final, frente a Brett Simpson, num heat onde a pontuação da última onda de Kikas está longe de ser consensual. "Foi muito perto. Foi um heat que deixou-me a sonhar. As condições estavam difíceis, não fiquei convencido com o resultado mas a decisão não é minha. Fiz o que pude e dei tudo o que tinha. Fiz o que tinha a fazer, mas a decisão não é minha", afirmou Kikas às câmaras da SIC. "Acho que não vale a pena ficar revoltado. Dei o meu máximo e se não deu vou tentar perceber porquê. A vida é assim, nem sempre concordamos com as notas que recebemos."

 

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