FRANCISCO SPÍNOLA: “O SURF VAI SER UM DOS PRINCIPAIS DESPORTOS NA SOCIEDADE PORTUGUESA”

É um dos grandes responsáveis pela inclusão de Portugal no mapa do surf internacional e da vinda da elite mundial ao nosso país. Francisco Spínola, 35, surfista e administrador da Ocean Events, empresa que organiza todas as provas da World Surf League (exceto Prime dos Açores que é realizado em parceria) no nosso país, falou à Surf Total sobre os preparativos do Moche Rip Curl Pro Portugal, a penúltima etapa do Circuito Mundial de Surf 2015.

 

 

A janela do Moche Rip Curl Pro Portugal inicia já na próxima terça-feira. Está tudo a postos?

Sim, a estrutura está quase pronta. Como não temos autorização para aumentarmos o “foot print” e ocupar mais espaço na duna, este ano decidimos elevar a estrutura em altura, com dois pisos em toda a sua extensão. A equipa da Câmara Municipal, que faz a coordenação com as entidades ambientais, tem assegurado que um evento destas dimensões tem o mínimo impacto possível. Obviamente, após o evento, iremos continuar a acompanhar as associações de forma a reflorestar a zona da forma mais competente. É verdade que a estrutura assenta em estacas, mas acaba sempre por ter algum impacto. Portanto, as novidades prendem-se essencialmente com uma estrutura diferente, mais vertical. Como sabemos que o que manda sempre são as ondas, o que é preciso é manter a consistência de etapa para etapa e de ano para ano.

 

Alternativa Pico da Mota/Belgas. Vai existir?

Bem, nós temos uma estrutura móvel, mas o que acontece é que os surfistas gostam muito das ondas de Supertubos. Há dois anos houve essa opção nos Belgas e até a hipótese de irem surfar ao Guincho devido às fortes suladas que assolaram o país. É isso que torna Portugal único. É a quantidade de ondas disponíveis num curto espaço. Agora, a mais pura verdade é que os surfistas gostam dos Supertubos e, mesmo com onshore, muitas vezes preferem surfar por lá. Ainda hoje [ontem] vi o Miguel Pupo e outros tantos atletas brasileiros a treinarem por lá com onshore fraquinho. Quase que parecia Trestles, todos a fazerem aéreos altíssimos…

 

Relativamente a Kelly Slater, há mais alguma novidade?

Não, ele vai decidir se virá ou não até dia 19. Só mesmo à última é que vamos saber.

 

Que lugar ocupa o surf na sociedade? Será que, de alguma forma, o podemos classificar?

Eu diria que o surf neste momento, em determinadas regiões e olhando para aquilo que vai acontecendo, está posicionado como o segundo desporto mais praticado a nível nacional. Logo a seguir ao futebol, claro. Há muita gente a praticar surf todos os dias e penso que está à vista de todos que a modalidade está em franco crescimento. Dentro de poucos anos vai ser um dos principais desportos na sociedade portuguesa.

 

O surf é cada vez mais um veículo de promoção para os agentes do turismo e publicidade?

Claramente. Quando uma prova como o WCT acontece aquilo que estamos a mostrar ao mundo são as ondas, é promoção direta do país. E pela Europa não existe país como o nosso. Temos a Espanha, que também tem umas ondas, e a França que é menos consistente. Mas é o surf que nos dá uma enorme vantagem competitiva perante os outros desportos. O ténis, o golfe (que mesmo assim ainda é o que se aproxima mais do surf), o basquetebol, futebol, podem ser feitos em qualquer lado, até indoor. Já o surf não. As piscinas de ondas existentes são miseráveis e, portanto, torna-se muito difícil copiar as nossas ondas e consistência. Essas são vantagens competitivas sustentáveis. Os espanhóis, por exemplo, não têm problemas em fazer um evento de uma modalidade qualquer porque têm os meios e uma maior capacidade de investimento. No que toca ao surf não conseguem competir connosco. O que eu costumo dizer às pessoas é que venham a Peniche e Cascais para ver o que a economia mexe nesta grande prova. Não são os números dos estudos que importam, pois esses cada um arranja os que quer. As pessoas chegam e em pouco tempo podem ver a onda surfada pelo Garrett McNamara, os surfistas profissionais a competir, visitar outras praias de Peniche, Ericeira, Lisboa e Cascais, gozar da nossa hospitalidade e gastronomia, etc. É tudo muito perto e acessível, a uma hora de distância. Isso é algo que nos distingue. Assim torna-se natural que as marcas procurem transmitir os valores positivos e saudáveis do surf.

 

Derradeira mensagem?

Gostava de apelar às pessoas que venham ver o WCT e que apoiem os atletas portugueses. E não se esqueçam que o evento é realizado numa praia e não num campo de futebol, por isso, façam o máximo por evitar pisar as dunas e não se esqueçam de apanhar/levar o lixo ao final do dia. Obrigado.

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