"Resultado na Nicarágua vai servir para o nosso governo entender ainda mais a importância do surf"

Entrevista com João Aranha, presidente da Federação Portuguesa de Surf, depois de marcada uma página dourada no surf nacional.

 



Poucas horas depois de um dia histórico para o surf nacional - coroado com a medalha de prata de Nic von Rupp e o com o título de vice-campeão mundial para Portugal -, quisemos fazer um balanço dos ISA World Surfing Games junto do líder da comitiva portuguesa, o presidente da Federação Portuguesa de Surf, João Aranha, que aproveitou também para lançar alguns dados sobre o impacto deste resultado no futuro do surf nacional.


Portugal partiu para a Nicarágua com o Top 5 como objectivo 'mínimo', e volta como vice campeão mundial. Agora, mais a frio, como analisa este resultado?

O nosso objectivo mínimo era o TOP 5 efectivamente, mas é claro que aspirávamos a poder subir ao pódio. Apesar de termos perdido o José Ferreira e a Camilla Kemp cedo de mais e, no caso do José Ferreira, de uma forma amarga devido aos seedings de prova da ISA que colocaram três Portugueses na mesma bateria, eliminando o José, que estava a apresentar um surf polido e de grande nível, o resultado foi sendo criado e de dia para dia, com as eliminações de surfistas das outras equipas e com a nossa progressão em prova. É óbvio que foi além do esperado, mas com uma equipa com esta entrega, união e nível de surf, tudo era possível. Quando partimos já sabíamos o que tínhamos pela frente, soubemos de antemão que as outras equipas iam com surfistas de topo e que a competição ia ser ao mais alto nível. Foi o que aconteceu, mas a solidez da nossa equipa e o facto de o Nicolau ter avançado até à final e terminar em segundo levou a melhor e somos Vice-Campeões Open do Mundo, um resultado histórico para o surf nacional.

 

 

Numa altura em que o surf se encontra numa fase de crescimento a todos os níveis no nosso país, este resultado surge na altura certa para cimentar a afirmação do desporto? (Nomeadamente para chamar a atenção para que os atletas e a FPS possam ter mais apoios)

Acredito que sim, embora o impacto da ISA não chegue, nem de perto nem de longe, ao da WSL, este resultado vai servir para o nosso governo entender ainda mais a importância do surf no panorama desportivo nacional e a projecção que este resultado já está a ter. Por outro lado, vai permitir (creio eu) que o nosso principal, senão único, financiador, o Estado, nos aumente as verbas para o próximo ano. Em termos de patrocínios é cedo para avaliar mas acredito que sim. Já nesta selecção, houve quem acreditasse e nos apoiasse, como é o caso da KLM, da Hill&Knowlton, da Cision e da Ericeira Surf & Skate. Outra novidade que deverá também ajudar e muito a Federação é que em 2020 nos jogos Olímpicos de Tóquio está prevista a inclusão do Surf, o que, a nível nacional deverá trazer mais apoios do estado e, a nível internacional, mais reconhecimento e a entrada num meio desportivo de excelência.

 

Como avalia o espírito de equipa da comitiva nacional durante este evento?

Numa palavra: FANTÁSTICO!

 

De que forma acredita que este resultado pode influenciar o futuro imediato do surf nacional?

Creio que ainda é um pouco cedo para avaliar, mas baseado no que temos visto nestes dois dias, em que têm surgido notícias nos mais variados meios de comunicação, acredito que pode ajudar a FPS a reforçar a posição do surf junto dos nossos financiadores e permitir angariar mais apoios. Por outro lado, acreditamos que este resultado nos pode ajudar a conseguir que o estatuto de alta competição possa ser melhorado, permitindo aos atletas que acreditaram na FPS e aceitaram a responsabilidade de representar Portugal ao mais alto nível, possam ter um reconhecimento extra, não só ao nível de facilidades que esse estatuto permite, mas mesmo voltar a receber prémios de participação, como acontecia noutras épocas e que, sem sabermos bem a razão por detrás disso, deixou de acontecer.

 

Como avalia o facto de cada vez mais órgãos de comunicação social darem destaque ao surf em Portugal?

É algo natural. Todos sabemos que surf é sexy... Cada vez mais o surf aparece em inúmeros meios de publicidade e mesmo associado a marcas que são completamente estranhas a este meio. Ou seja, se as marcas aparecem de outros meios, também os órgão de comunicação o fazem e cada vez mais, surf é notícia.

 

Quais os próximos desafios para a FPS?

Para já é digerir e aproveitar este momento que foi de uma intensidade e de uma força enorme. Nesta fase a FPS está com os 8 desportos que a integram funcionar com circuitos e alguns com equipas nacionais. Estudamos agora quais as participações que podemos ainda fazer em provas de selecções, dado o orçamento reduzido de que dispomos, e teremos de avaliar bem onde participar. Entretanto o principal desafio continua a ser colocar os desportos da FPS no panorama Nacional e Mundial e fazer as entidades que regem o desporto ver que estamos no bom caminho mas são necessários mais apoios. Para terminar queria deixar o meu OBRIGADO a esta EQUIPA que foi de uma entrega e de um sacrifício enormes para nos fazer chegar ao resulta fantástico e histórico que conseguimos.

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