Um ‘Dream Tour’ sem o paraíso do surf
Em análise o facto de não haver uma prova do CT na Indonésia…
O World Championship Tour da World Surf League é composto de 11 etapas ao redor do planeta e algumas delas têm lugar em ondas de sonho, lugares que facilmente invadem o imaginário de qualquer jovem (e não só) surfista.
Pelas razões que são conhecidas, Fiji e o Taiti conquistam a ordem de preferência entre os seguidores do World Tour.
No entanto, hoje, ao divagarmos sobre o 'Dream Tour', demos por nós a questionar o porquê de não existir uma etapa na Indonésia, o paraíso e a zona por excelência do surf internacional. Uma janela de espera de duas semanas, tal como acontece com qualquer CT, seria seguramente garantia de espetáculo e boas ondas.
- O ano passado, a visão de sonho em Lances Right para o QS1000 das Mentawai. Foto: WSL
A questão é pertinente e levou-nos a tomar algumas conclusões/considerações.
Por um lado temos o facto da Qualifying Series registar três provas (quatro se contarmos com o evento especial Rip Curl Cup Padang Padang) em território indonésio esta temporada: Krui Pro (Sumatra), Komune Pro (Bali) e o Hello Pacitan Pro (Java). As três, no mesmo pé de igualdade, apresentam a categoria QS1000, a mais baixa do circuito mundial de qualificação e a que oferece menos pontos.
Aparentemente, a próxima temporada poderá contar com a inclusão de outras duas, na ilha de Roti e em Sumbawa, também de categoria QS1000, pelo que se pode assumir que a presença da WSL na região está a ficar mais consistente.
Bem, isto deveria ser o indicador perfeito para uma possível prova da Championship Tour na Indonésia muito em breve... mas não. O que se passa é que todos estes eventos são subsidiados por entidades governamentais locais, através de um fundo regional dedicado ao turismo, e várias empresas privadas que olham para os campeonatos de surf como uma ação pura de marketing que visa atrair mais turismo, surfistas e praticantes em torno desta atividade.
- Jose Gundesen no sítio certo à hora certa. Foto: Tim Hain/WSL
Já uma prova da Championship Tour envolve outro tipo de investimentos e quantias. E é precisamente aí que a porca torce o rabo, pois o governo indonésio não está para pagar para sediar um CT nas suas águas. Muito pelo contrário, a Indonésia quer que a WSL traga dinheiro e patrocinadores para o país de forma a ter o privilégio de realizar um campeonato nas suas ondas de sonho.
Isto é precisamente o contrário do que sucede na grande maioria das provas do World Tour que, como bem sabemos, são financiadas pelos ministérios de turismo dos seus próprios países de forma a poderem receber um CT.
Noutros tempos, a alternativa passaria pela própria indústria do surf que bancaria sem hesitar um evento em território indonésio. Contudo, hoje em dia, seriam poucas as marcas que poderiam dar-se ao luxo de o fazer.
Portanto, até que venham melhores tempos, resta-nos esperar.